terça-feira, 7 de julho de 2009

À descoberta na Roménia


Desde o início que a minha mente estaria longe de imaginar que iria para a Roménia, muito menos para Calarasi….


Quando cheguei perguntei-me diversas vezes o que fazer neste pequeno recanto deste imenso país… divagando de passeio em passeio, pedra em pedra, fui descobrindo este pequeno mundo e avançando mais além…

Uma pequena cidade e grande aldeia, perdida no infinito de campos pincelados de branco em tempos, agora, perdida num vasto quadro de “Monet” um pouco mais pitoresco e singular mas com a mesma cor.

Calarasi, cidade capital do concelho de Calarasi, a sudeste da Roménia, está localizada a poucos quilometros da fronteira com a Bulgária e encontra-se sobre um braço do longo Danúbio e ao longo de um Lago. Tendo sido documentada pela primeira vez em 1593, durante o reinado de Mihai Viteazul.


Num sorridente dia de sol é possível dar uma simpática volta no parque, apreciando a calma água do lago que corre em torno deste, fazer uma visita ao zoo e saborear um belo sumo natural na esplanda de madeira afecta ao complexo desportivo ali existente. Para quem gosta de um pouco mais de emoção pode sempre ir até ao cais e numa barca remar até ao Museu de Arquelogia.

Há que partir assim à descoberta de um país desvalorizado mas riquíssimo em paisagens, história, cultura e actividades radicais…

Entrar no carro raspar o gelo ou retirar uns bichinhos espalmados que parecem multiplicar-se no vidro pode ser o início de uma verdadeira aventura…

Partimos então em direcção ao Norte. Com 100km de percurso até a capital, Bucareste, percorremos a estrada nacional onde é possivel apreciar as modestas casitas…num pequeno desvio podemos visitar um mosteiro e uma igreja que reza a lenda que a sua cruz cresce todos os anos!


Chegados à imponente cidade de Bucareste, que nos anos 30 se auto intitulava com a “Pequena Paris”, vale a pena perdermo-nos no grande contraste da zona moderna e do centro velho de ruas estreitas. Nos anos 80 foi feita uma grande reconstrução continuando esta a ser uma cidade de parques, agradável, envolta em verdura, com cafés abertos sobre as calçadas durante o Verão

e barcos de recreio em lagos e rios que a atravessam.

Em plena Praça Unirii a imensidão desta avenida que se desenvolve até a celebre Casa Poporului, parlamento, convida a um belo e ilustrado passeio a pé. Começando na eclética mistura de estilos arquitéctonicos, uma igreja Patriarcal, Catedral, movida há anos pedra a pedra de local impossibilitando que a sua imagem transmita a sua forma original, descendo até ao parlamento e continuando pelas entranhas das ruas de esplanadas e da grande Calea Victoreie onde em cada esquina se esconde um pedaço de património…Museu nacional de história, de arte, Palácio Postei, bancos, o velho Ateneu romano.

Num acto mais relaxado seguimos até um dos grandes espaços verdes, o Lago Herastrau. Deparamo-nos em caminho com o Arco do Triunfo, do impressionante Sosea Kisseleff, este maior que o dos Champs Elyses, e com um belíssimo museu de arquitectura popular e artesanato ao ar livre.


Antes de rumar até ao Norte não pudemos recusar uma visita a um dos pontos máximos de entretenimento cultural e disfrutar do mesmo…a Ópera..arrepiante! Cheios de fome um dos restaurantes mais antigos da cidade, de culto e valorização patrimonial, “Caru cu Bere” proporcionou-nos a verdadeira ceia, seguida de um melódico cocktail no “eleven”, espaço minimalista e cara de muitos videoclips.

O raiar do sol já vai alto e seguir viagem é imperativo. Rumamos agora em direcção as montanhas…destino…Transilvânia!!

Pelas estradas caricatas começamos a desbravar a montanha, onde em Sinaia se vislumbra o famoso castelo palácio Peles, da família Hohenzollern Sigmaringen (s.XIX). A cidade toma o nome de um antigo Mosteiro,com referência ao bíblico Monte Sinaí, em cujas proximidades o rei Carol I da Roménia construiu este palácio de verão.

Já por terras romanticas da Transilvânia e atravessando a densa floresta rompem vales e riachos cristalinos, eis que se depara mesmo diante do olhar o lendário e de historia tumultuada, o castelo medieval (s.XIV) que foi, num momento, propriedade do avô de Vlad, conhecido como “Drácula”, em Bran. O tempo urge mas o passeio pedestre, a equitação e o esqui são tentações!

Depois de uns estonteantes trambolhões e desequilibrios instala-se um vazio no estômago que nos leva a Brasov, na Praça Sfatalui envoltos de esplanadas e de uma bela Catedral negra um simpático romeno proporciona-nos um menu de deuses… Não satisfeitos com toda esta monotonia há que saber mais sobre o Drácula! Por estradas e estradinhas, entre carros e carroças as placas levam-nos até aos Cárpatos Translivanos. Sighisoara, cidadela medieval (Património da Humanidade pela UNESCO), o “castrum Sex” de origem romana, ocupado pelos saxônios no s.XII, numa mistura de estilos e influências: gótico, renascentista e barroco. Nesta que é a cidade natal do Conde Vlad Tepes, Conde Drácula, destaca-se a Torre do Relógio, séc XIV, de 64m.


Invertendo a marcha, rumamos a Sibiu onde passar a noite será uma dádiva!! Cidade construída pelos alemães, guarda um ambiente medieval e moderno, com ruas pavimentadas e casas coloridas, foi capital europeia da cultura em 2007.
Embalados por esta pomposa cidade que nos remete a outro tempo seguimos pelas Montanhas de Fagaras, as maiores da Roménia, na esperança de as puder atravessar em direcção a nossa mui nobre casa em Calarasi.

Este País tão peculiar é capaz de surpreender!!.. no mesmo dia pode ser Verão e Inverno !!…